Várias pessoas estão se voluntariando para escanear suas íris em troca de 48 unidades da criptomoeda Worldcoin (cotação varia entre R$ 600 e R$ 700).
Na fila, a maioria das pessoas não sabe dizer para que serve isso. A maioria está ali por causa do dinheiro, e muitos desconsideram os potenciais riscos envolvidos.
O projeto da empresa Tools for Humanity (TfH) utiliza câmeras de última geração para escanear sua íris.
A proposta é criar uma base de dados para garantir a prova de humanidade. E, após ter a íris escaneada, é gerado um código de identidade digital global chamado World ID, que prova que aquele dado pertence a uma pessoa e não a uma inteligência artificial. Teoricamente, o mecanismo seria utilizado para prevenir fraudes.
A febre no Brasil
Nos últimos meses, a promessa de dinheiro fácil atraiu cerca de meio milhão de brasileiros que venderam essa informação em São Paulo.

No entanto, essa popularidade chamou a atenção de órgãos reguladores. E, a partir deste sábado (25/01), o projeto não poderá mais remunerar quem participar dele, segundo a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que está investigando os impactos do projeto no Brasil.
Enquanto em outros países como Espanha, Portugal, Coreia do Sul e Argentina, este serviço foi proibido por ser considerado “questionável” pelas autoridades e foi banido temporariamente da Espanha, pois a empresa forneceu informação insuficiente sobre o projeto.
Quais são os riscos?
Apesar de prometerem o anonimato, existem muitas dúvidas sobre o que realmente acontece com os dados coletados.
A Tools for Humanity alega que não armazena a imagem da íris e que apenas cria um código criptográfico para garantir a identidade do usuário.
No entanto, algumas questões continuam sem respostas claras:
- Quem garante que esses dados não serão usados no futuro para propósitos maliciosos?
- Existe algum risco de vazamento dessas informações?
- E se a empresa for vendida ou falir, o que vai acontecer com essa base de dados?
Países como Espanha e Portugal suspenderam a atividade da Tools for Humanity por violações de privacidade.
A Autoridade de Proteção de Dados da Alemanha também ordenou que os registros biométricos dos cidadãos fossem apagados.
Quem está por trás da World?
A World é gerida pela World Foundation e pela organização Tools for Humanity (TfH).
Tanto a World quanto a TfH foram fundadas por Alex Blania, que ocupa o cargo de CEO em ambas as organizações, e por Sam Altman, que é o CEO da OpenAI, responsável pelo ChatGPT.
Vale a pena escanear a íris por dinheiro?
A resposta irá depender do nível de preocupação que cada indivíduo tem em relação à sua privacidade no mundo virtual.
Para quem está buscando um dinheiro rápido, pode ficar com os olhos brilhando diante dos R$ 500 que estão oferecendo.
Contudo, os especialistas alertam: é preciso ter cautela ao vender suas informações, já que essas características são como impressões digitais de uma única pessoa, impossíveis de serem recuperadas.
Se ela cair em mãos erradas, seria como andar com a senha do banco à mostra. Diferente de uma senha que pode ser alterada, sua íris é como uma tatuagem na alma: eterna e inalterável.
Caso suas informações sejam exploradas de maneira errada, você não terá a oportunidade de “trocar sua íris”, como faria ao alterar uma senha que vazou.
A proposta da Worldcoin gera discussões importantes sobre a privacidade e as fronteiras da inovação tecnológica.
De um lado, pode representar uma solução para a autenticação segura em um mundo digital cada vez mais complexo.
Por outro lado, a coleta em larga escala de dados biométricos provoca preocupações significativas a respeito da segurança e do gerenciamento de informações tão delicadas.